quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

ÊXODO ou a Utopia de Scott

Não sei não, mas acho que ao invés de ler a Bíblia para fazer a adaptação da história mais incrível do povo Hebreu, Ridley Scott deve ter lido alguma coluna do jornal Charlie Hebdo, ou assistido a algum filme do Monty Python. Êxodo, Deuses e Reis conseguiu transformar Moisés num homem maluco que fala com uma criança imaginária, que acredita ser Deus, e que não faz milagres, apenas aproveita-se dos fenômenos naturais e obvio, das coincidências.  Nem mesmo um cajado ele carrega consigo, ao invés, porta uma espada egípcia que ganhara de presente de Ramsés. Christian Bale está horrível nessa personagem, parece querer vestir uma capa preta e sair passeando no Batmóvel, ou coisa assim. Já Joel Edgerton como Ramsés convence, suas características físicas e sua interpretação são satisfatória, mas o diretor Ridley Scott, com sua capacidade de produzir espetáculo, conseguiu torná-lo um faraó fraco, pouco pretenso a luta com seu irmão de criação, Moisés. Eu imagino que Charlton Heston deve estar pulando de raiva com essa nova adaptação do clássico "Os 10 Mandamentos", provavelmente querendo que o Mar Vermelho engula o diretor. Detalhe interessante(se não quer ler spoiler, pare agora) é que não há a abertura do Mar Vermelho(Arghhh...), ele simplesmente está na maré baixa e os Hebreus, calmamente, atravessam com seus cavalos e crianças. O sangue do Nilo é culpa de crocodilos gigantes que atacam tudo e a todos, tingindo o Nilo de rubro, putz, fala sério.
Efeitos especiais satisfatórios, personagens chatos, trilha sonora esquecível e principalmente, falta total de qualquer carisma cinematográfico. Não há milagres, não há fé, não há Deus, pois o garoto que aparentemente deveria ser Deus, na versão de Scott, é uma loucura de Moisés.

Sinto raiva desse tipo de filme, enganado, e principalmente irritado por contar uma versão AVATAR da história mais importante do povo Hebreu, e por tabela, de toda cultura judaico-cristã. Não sou católico fervoroso, mas acredito que católicos e evangélicos ficarão assustados com a quantidade de besteiras que as 2h31min. de filme nos faz suportar. Havia assistido NOÉ algum tempo atrás, e acreditava que ninguém poderia deturpar mais a Bíblia que aquele filme, mas eis que surge Ridley Scott e dirige sua versão Titanic para Moisés. Uma pena, de verdade, pois essa geração não sentirá a emoção de ver o Mar Vermelho se abrir, com a tecnologia super avançada que existe, pior, sairão dos cinemas vendo uma versão chata e cansativa de êxodo, numa mistura de erros culturais que chega a ser cômico, e nem mesmo às tábuas da Lei foram poupadas, sendo escritas literalmente por Moisés. Agora fico na torcida para que Hollywood não decida fazer uma nova versão de Jesus, pois seguindo essa tendência, não ficaria surpreso de Jesus ser um mutante, no melhor estilo X-men. Fala sério, não gaste seu rico dinheirinho nessa porcaria cinematográfica caça níquel, vá com a família a uma sorveteria, será mais interessante!

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